quarta-feira, 20 de maio de 2015

Se quiseres ser feliz, atenta as estrelas

Quando quiseres deixar de ver a vida por entre essa fechadura, quando quiseres atrever-te a espreitar para fora, vais ver que nem todo o céu é cinzento. Nem todo o vento é gelado e nem todas as estações são profundamente negativas.

Quando quiseres dar um passo na minha direção, eu não vou virar as costas mas estender-te a mão. 

Quando me olhares nos olhos, eu não vou fazer esse joguinho de desviar e te olhar quando não vires. Não. Eu vou-te olhar intensamente, vou desafiar a tua alma a um confronto de sinceridade, vou despir-te por dentro e conhecer cada canto, cada esquina, cada vírgula, cada entrave.

Quando me quiseres sentir, dar-te-ei o meu peito para que oiças o bater do meu coração, cada bombear, cada fluxo, cada nervosismo e por fim que voes pelo acalmar da minha respiração. Para que sintas as borboletas dentro de mim, chamando por ti, implorando por ti.

Quando quiseres largar essa máscara e arriscar, eu estarei aqui. Esperando debaixo da lua, contando as estrelas.

Estarei lá esperando por ti, para te mostrar porque com mais nenhum resultou. Porque os caminhos vieram dar aqui, se cruzaram e esbarramos um no outro. Porque desde que te vi, sinto-me mais completo e nada é ao acaso.

Na linha do tempo, o destino escreveu com letras douradas, tu e eu.

Quando quiseres ser feliz, sabes qual é a minha campainha …

terça-feira, 12 de maio de 2015

Falei às estrelas



Hoje, dei por mim perante uma situação à qual não resisti. Dei por mim à janela, soltando palavras, à espera que alguém me ouvisse. Não o vizinho do lado nem da frente, mas alguém lá no cimo, aquele que vive sobre o algodão que plana no céu e que à noite nos ilumina com estrelas, aquele que vê tudo.

Eu falei às estrelas, olhando cada vez mais para cima para não soltar o que já havia começado a cair, tentei manter a postura mesmo estando conversando sozinho. Esperando um sinal, uma resposta, algo que me fizesse entender porque é que certos amores, simplesmente não funcionam. Porque é que por vezes, a palavra “amigo” custa tanto de ouvir e o “especial” se torna tão amargo que rasga-nos a cada repetição na cabeça.

Perguntei porque é que os caminhos se encontram e nos fazem conhecer pessoas incríveis, pessoas inimagináveis que ao primeiro segundo nos deixam sem chão, nos fazem voar, se não for para amar, conhecer e aprender, viver e juntar vidas. Porque é que quando conhecemos alguém que vai além do nosso exterior, do nosso olhar e nos toca na alma, simplesmente dá um passo atrás e deixa-nos? 

É que ela é assim e dá cabo de mim ter de vê-la ir embora! Talvez, seja o melhor para mim porque sofrer com ela por perto certamente acabaria por me destruir por dentro, mas vê-la caminhar para longe, é como se levasse metade da minha pessoa, como se tivesse tirado o melhor pedaço de mim  e fugisse. Sinto-me partido, sinto-me afundar.

Enquanto a frustração se tornava raiva, senti uma mão no meu ombro que me acalmou. Sem perguntar, sem pressionar, sussurrou-me ao ouvido;
Não podemos escolher quem amar, da mesma maneira que não podemos obrigar ninguém a amar-nos, porque isso seria tudo, menos amor.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Perdi, Perdi-te e Perdi-me



Terça-feira. 


Mais uma terça-feira em que a luz do sol fura pela persiana, mas por sua vez, o quente que outrora esteve presente, sumiu. Entre os raios que esbatem na parede, consigo assistir ao pó assentar, lentamente vai vagueando sem direcção, num quarto sem alma. O ar, está denso. O peso da amargura que aqui habita, tornou-se excessivo, caótico.


Acordei mas não quero sair destes lençóis, não quero sair da minha zona de conforto e viver a realidade. Uma realidade onde tu não existes, onde tu deixaste de fazer parte da minha vida. Quero fechar os olhos e ver-te, quero inspirar e sentir o teu cheiro, quero fechar os dedos e sentir o teu cabelo, no meio deles, escorregando, dançando.


Quero adormecer e sentir-me aconchegado, mesmo tu, não estando a meu lado. Quero continuar a deixar uma almofada a mais na cama, mesmo sabendo que não vens reclama-la. Quero aquele chat, aquela troca de mensagens, a preocupação de desejar boa noite antes de adormecer. Quero a cereja no topo do bolo. As tuas meias de algodão a fazerem-me cócegas debaixo dos lençóis. Quero tudo e nada tenho, do querer ao ter, a distância é longa. E um homem sedento pouco conseguirá caminhar…

Eu perdi. Perdi-te e perdi-me. De todas as maneiras e feitios, mas o pior foi perder algo que nem sequer era meu para perder. Porque o que havia, existia na minha cabeça, nas minhas invenções, nos meus sonhos. A esperança foi-se e com nada fiquei, de mãos abertas escapaste-me e eu sem forças não corri.


Mas não fui o único que perdeu…


Perdeste todas as terças-feiras de todas as semanas, de todos os meses, de todos os anos. Perdeste cada momento íntimo, cada olhar, cada beijo, cada toque. Perdeste o pequeno-almoço na cama acompanhada da risada matinal. Perdeste passeios pela praia e junto ao rio, perdeste o som das gaivotas e o rebentar das ondas, deixas-te fugir o vento e esse, as luzes da noite levou e a brisa do dia, parou. Perdeste as noites de rádio no carro, de vidros embaciados e climas esquentados. Sem me alongar, perdeste imenso e nem conta deste.


Infelizmente, perdeste uma vida. Mas o que me entristece mais, é que a culpa não é tua.


A culpa cai em quem te fez perder a coragem de começar algo novo, algo diferente, algo com cores. 

E se eu pudesse mentir, dizer-te-ia que não tenho saudades tuas.