Ainda te recordas de quando terminava-mos as frases um do
outro? De quando a distância não se tornava um problema e as horas eram as
nossas cúmplices.
Será que ainda te lembras de quando o Sol tinha brilho e a
Lua nos servia de ponto de encontro? Continuas a olhar à janela em busca de
mim?
A verdade é que sei que nunca mais vou amar alguém como te
amo a ti; A verdade, é que não consigo. Quero mas não me permito. Tenho
saudades das saudades que me deixavas por parar de falar por uma hora, das
memórias que criamos, das ruas que percorremos, das luzes que pairavam sobre
nós enquanto nos cruzávamos.
Tu fazes falta. Tu tens um lugar só teu. Tens um coração puro
a bater por ti, a chorar a tua partida, a suplicar a tua vinda. No fundo, tens
um homem a teus pés que calcaria um fogo em chamas para te ter de volta.
É nestas noites que me engasgo na minha própria vida, em que
a saudade aperta em demasia, em que qualquer música ganha um sentido, em que as
perguntas tropeçam umas nas outras e uma avalanche nasce. Nestas noites, o caos é o
meu nome do meio.
Noites de memórias, noites em que o café tem o mesmo gosto
que há 1 ano atrás, que o cheiro que deixara de haver, voltou. Que os risos dos
vizinhos entoam como se da tua voz se trata-se. Em noites destas, minto se
disser que já não penso em ti, enganar-me-ia a mim mesmo se o fizesse.
Simplesmente o controlo está fora de si, da mesma forma que penso para mim, que
não passará destas noites.
Irei sempre sentir a tua falta e aqui irá permanecer o teu
cantinho, sempre e para sempre, de porta aberta.
Eu sei, acabou. Mas outrora falei-te de quando a idade
tomasse conta de nós, onde eu gostaria que estivéssemos e esse mesmo futuro,
continua aqui. Embora ontem, hoje e amanhã, esteja sozinho, um sentimento
destes não tem prazo de validade.
Gostei de ti. Apaixonei-me por ti. Amei-te pra caralho.
E na tua falta, entendi. Demorei… Talvez. Mas nesse teu
silêncio a tempo inteiro, vi que ele significava mais que as poucas palavras
que me transmitias, mas agora, é tarde e muitas luas já cobriram este nosso
céu.
Nesta noite fria de Inverno, escrevo sobre ti, sobre mim e
não sobre nós. Não afogo as mágoas, mas é aqui que encontro o mínimo de
conforto e de fuga aos choros, aos gritos, aos ecos que dentro de mim habitam.
É tentar colocar uma parede entre mim e um amor do mais puro e bruto.
Numa conversa ao espelho, cheguei á conclusão que não sei se
vou conseguir amar mais alguém, se vou ser homem o suficiente para superar esta
droga em que tu te tornaste.
Isto, vale o que vale, mas num fio de esperança com que
tenho tentado fechar esta ferida, ainda reside o sonho de vires cuidar de mim.
Por um dia. Por uma semana. Por um mês, Por um ano...
Sei lá, por uma vida inteira.