sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Fervilhar na pele

Sinto-te debaixo da minha pele.
Não consigo mais disfarçar, não consigo 'desapaixonar'.
Sinto-te ao longe, sinto-te ao perto, sinto-te em qualquer lugar. Não sei o que fazer, mas também não quero mudar.
Quero-te aqui, ali e acolá, no sofá. Vamos ver um filme, está tempo de chuva. Eu sei como és caseira, que adoras estar em casa em tempos cinzentos e águarentos. Quero fazer aquilo que não fiz, quero ouvir aquilo que não ouvi, que não disseste. Quero tudo o que não tive. Quero-te.
Tornei-me metade do homem que era contigo.
Vi-te na outra noite, mas quando te fui falar, desapareceste. Mais um pesadelo disfarçado de sonho. Mais um acordar, nada risonho...
Desejo-te. Sinto a minha pele a fervilhar só de ouvir o teu nome, só de pensar em ti.
Vem. Não precisas de me amar, eu faço-o pelos dois. Apaixona-te só. Só um bocadinho. 
Desculpa ser egoista, mas sem ti muita coisa perdeu o sentido, o rumo devido.
Ver-te e não te falar, tocar. Isso é pior que me matar. 
Liga-me. Deixa-me viver 5 segundos. 5 pequenos segundos. 

domingo, 25 de janeiro de 2015

Ela é tudo

Eu e ela.
Somos inseparáveis.
Não cresci com ela, não a conheço desde nascença, mas conheci-a ao longo da vida.
Era um tarreco na altura quando a vi pela primeira vez. Achei-a engraçada, afinal de contas ela pintava! Percebi logo o que fazer com ela, tivemos muita diversão, vos garanto!
Uau! Que alegria, ela ajudava-me a desenhar, embora eu fosse um desastre ao inicio, parecia um picasso a desenhar de olhos tapados, credo.
Com o tempo, melhorei as minhas obras de merda, passaram a rabiscos. Mais uma vez, uau!
Vi  que não era o meu futuro, então tivemos uma conversa.
Chegamos a um acordo, iriamos seguir por outro meio.
Com o desenvolver da minha maturidade e mentalidade, comecei a usá-la na escrita, e hoje garanto-vos que é a minha melhor amiga.
Com ela já vivi fantasias, aventuras e presenciei batalhas épicas mas essencialmente, com ela já naveguei entre as mágoas da vida, já a usei como lanterna em tempos de escuridão.
Não digo que ela seja um bote salva-vidas, mas é com certeza um megafone silencioso, uma luz que não ofusca, um apoio que não desiste.
Ela ajuda-me a expressar quando não consigo dizer as palavras em voz alta.
É com ela que por vezes dou revira-voltas na minha vida, aliás, que exponho os meus sentimentos mais profundos.
Já me viu chorar, desesperar por algum namoro que correu mal, por desilusões familiares, enfim, infelicidades e sem querer, até vos digo ... Ela já sofreu de violência doméstica. Mas permaneceu. Ela é rija, não teme e se for preciso também se vinga. Obriga-me a gastar dinheiro em comprar tinta, safada maldita.
A vida é amarga meu amigos. A vida é como uma rosa, bonita ao longe, encantadora. Mas assim que pegamos nela, picamo-nos. Uma rosa, tem espinhos.
Mas agora, apresento-vos, a minha caneta. Ela não é muito, mas é o que tenho. E para quem escreve, ela é tudo.
Ela despede-se e eu também.

Só eu sei

Só eu sei.
Só eu sei o que sinto ao pensar em ti. O que me dói.
A dor que me bate e desperta. Me alerta que ainda moras cá, que o vazio que deixaste cresce a cada pensamento meu de ti.
Só eu sei o quanto já me lamentei. Chorei. 
Um homem também chora. Também fraqueja. Também treme.
A minha almofada, está molhada, tive que mudar o lado. Está a ser uma noite ridicula.
Sabes o que se repete na minha cabeça? Lembraste da última frase que me disseste?
Enganaste-te quanto ao tipo. Enganaste-te de todo. Enganaste-te cegamente pelo teu passado, de que eu nunca fui nem serei culpado.
Só eu sei ...
Sinceramente, já não sei. Já não sei o que escrever. São 4h37 da manhã.
Só eu sei o que me falta. Volta.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Um choro de raiva

Apetece-me chorar.
Não o choro de infelicidade e muito menos de alegria.
Choro de raiva. Choro por saber que seria o certo, que tu és a certa, que serias o arriscar mais arriscado que alguma vez eu arriscaria.
Mas nada. Vazio. Sem fundo, sem fim.
Por muito que queira sair, procurei e não existe porta. Não existem placas, não existem sinais.
Na realidade, procuro-te cada vez mais.
Queria ter capacidade de te esquecer, de seguir em frente sem levar bagagem, sem ter receios, ir de cabeça levantada, olhar em frente e começar uma nova caminhada.
Mas vejo-te. Em cada rua, em cada parede, em qualquer espelho, em todos os quartos.
Eu imagino-te. E choro.
Choro com raiva. Com raiva de não te poder ter, de não ser de ferro e me erguer. Com raiva de mim próprio por quebrar, por me ter deixado apaixonar.
Não é a solidão que me assusta, é ver-te ir embora sem olhares para trás uma única vez. Sem olhares para mim.
E tremo.
É mais uma noite sem a tua presença.
É mais uma noite, em que a lua não voltou, e o céu... Chorou.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Um sonho rasurado

Sonhei-te, idealizei-te.
Ainda só sabia o teu nome, a cor do teu cabelo e a melodia que a tua voz era para os meus ouvidos.
Com isto, já fazias da minha noite mais promissora, a cama já era mais que um repouso, já a considerava como um tesouro.
Quando adormecia, forçava pensar em ti para sonhar rapidamente contigo, mas logo vi que não era necessário. 
Comecei a perceber, a entender que mesmo sonhando com o Mickey e a Minnie, com o casal desconhecido que vi no café, até... Isto tudo, era, o meu sub-consciente a pensar em ti, em mim. Em nós. Disfarçados com máscaras e bonecadas que no fundo eram coisas que amavas.
Nós nunca tivemos nenhum castelo, nunca foste nenhuma princesa e eu nenhum sapo, mas havia algo, nunca fizeste de mim um trapo.
Já viste onde está o problema?
Nunca passou de um sonho, podiamos ter começado a nossa história, mas decidiste ficar pelos rascunhos de palavras rasuradas onde linhas não eram pronunciadas. Mal imaginavas tu, que eras uma das que eram amadas.
Honestamente, não importaria esperar mais um milénio, eu. Se pudesse ter, cada pedaço teu.

domingo, 18 de janeiro de 2015

O meu pecado

Ela não existe.
Seus traços banhados em ouro de visões celestes com um sorriso infernal, quem és tu para fazer de mim um pecador mortal?
Capaz de mover montanhas, capaz de clarear tempos de escuridão, não é menina, é um mulherão.
É impressionante a paz, que trás, sem dela se aperceber, é tão genuína que me faz crer.
Serás tu, um fruto da minha imaginação ou já cá estavas no meu coração, e eu cego não te dei atenção?
Por tempos pensei que teria acabado, mas do nada surgiste novamente. Guerreira que não desiste, marcante e triunfante.
És tu quem me orienta de norte a sul, nesse teu modo desajeitado, muito honestamente, é isso que me deixa deleitado.
Estou adorar este nosso joguinho, em criança, escondidinhas sempre foi o meu favorito.
Diz-me, como vai ser quando te apanhar? Vamos novamente nos olhar? Prometo que desta vez teremos connosco o mar.
Deixa o jogo ser o nosso segredo, tu e eu num cantinho, dar-te-ei o meu ombro e carinho.
Por fim, eu sei que te vais rir, mas lê agora com atenção. Foca-te lá no fundo, bem lá no fundo e vê com atenção.
Entendes o que quero dizer?
Por vezes, quando começa-mos uma pintura, ao inicio ela pode parecer um pouco falhada, talvez até sem muito nexo, assim como eu. Mas ao longo do tempo, ela vai ganhando traços, vai fazendo o seu caminho e acaba por ganhar cor, emoção. 
Desculpa, eu simplifico.
No meio de tanta confusão, já reparaste que fizeste de mim, o teu joão?

A minha carta na secretária

Talvez eu não passe de uma moldura empoeirada na tua gaveta, ou de uma lembrança de vida distantes.
Talvez a gente não se fale mais. Diria eu que a fase de me iludir já teria passado, pensava eu poder prever tudo.
Não posso. Ninguém pode.
Mas enquanto diziam ser impossível, eu sentia.

Eu sentia tudo que havia para sentir, borboletas a voar, fogo de artificio, um estrelar de pipocas a rebentar. Tu, fizeste-me delirar!
Não foi necessário nenhum beijo, nenhum abraço ou amasso. Foi só no olhar, no riso, na conversa durante o luar.
Sem aviso lá vieste, entraste no comboio sem bilhete e saiste sem deixar lembrete.
O tempo pode passar, as coisas podem mudar, mas a importância que conquistaste, essa vai permanecer.
O tempo não apaga algo assim tão bom, tão genuíno.
Deixo um pouco a ingratidão de lado e vejo que, na verdade, o destino foi muito generoso comigo.
Mesmo tendo nascido com vidas tão distantes, tive a chance de a encontrar, de a conhecer, de lhe falar.
E por mais que tenham sido poucos momentos juntos, eu nunca na vida seria tolo o suficiente para reclamar, da minha melhor lembrança.
A saudade que sinto, parece parvoíce. Chamar-me-iam de louco, mas a verdade é que eu o sou...

Por ti.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Um eco de milhares

Queria desabafar, escrevi mares de linhas e na maré elas se foram. Apagadas como memórias levadas pelo tempo, de quem algo viveu e não se arrependeu. Tenho vontade de falar tudo e pouco dizer, talvez palavras valham pouco, quando não se sabe como as escrever.
Antes de me deitar, vou vagueando nos pensamentos, revirando cada página, assitindo a cada capítulo, nada muda, por muito que roía os lábios, por muito que não queira soltar a lágrima que escorre e rebenta no travesseiro.
Em certos momentos que vou revivendo, ainda dá para sentir aquele nervosismo, aquele primeiro
olá que custa a sair mais que tudo, que é preciso ter força de leão para o dizer. Que saudades!
Que saudades de não ter responsabilidades, que tudo na vida era a música, a bola e os amigos.
Não havia mulher para desorientar.
Bem.. Como se foi tudo inverter? Como pode agora haver tal buraco na vida por se estar só?
O desporto ocupa mas não preenche, as saidas iluminam o momento mas a luz eventualmente acaba, nada é igual.
São fotografias diferentes em planos contraditórios.
Por isso, vem...
Não é preciso ir com pressa, sem beijo no primeiro encontro, sem pinga de desespero. Deixa conhecer de verdade, sem pressão, sem data marcada, sem frase decorada. Quem sabe com calma a gente se encaixe, se encontre, se entenda, se complete? Vamos ser crianças, reviver o tempo em que não havia pressa, que havia verdade nos olhos e um simples sorriso no rosto.
Talvez nada disto faça sentido, ou talvez faça. 
Vá divagando, diga asneiras. Afinal, os loucos são os melhores!

Mera opção com prazo



E então foi aí que eu soube. Foi só para tapar o buraco, né?
Foi só para preencher aquela saudade de ter alguém que se preocupava, alguém que desse atenção.
Aquele “bom dia”, as mensagens e chamadas constantes, no fundo, o carinho que estava ausente.
Mas e aqueles ciúmes? Na realidade não foram nada mais que simples medos de perder atenção, de perder a rotina que já estava haver. É engraçado sabes?
Enquanto eu te colocava no topo, acima de tudo e todos, primeira opção sempre, onde estava eu na tua?
 Uma mera opção com prazo de validade, eu sei.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O brilho que esvaneceu

É verdade, sim. Já passou algum tempo. Já passou tempo demais e continuamos um em cada canto, como se nunca nos tivessemos conhecido, como se nunca nos tivessemos olhado.
Isto, é a saudade a bater.
Muitos falam sobre quando duas bocas que já se conhecem, se beijam na cara não é igual, é estranho.
Então eu pergunto, e quanto ao olhar?
Se é estranho um beijo casual na cara entre dois lábios que já se conhecem, o que será entre dois olhares que nunca mais se cruzaram?
O que será mais triste, que tirar o brilho de um olhar, onde este já sonhou e se apaixonou?

Na tua ausência

Hoje, cheguei de madrugada. Não exatamente à mesma hora mas fiz algumas coisas de novo.
Sentei-me em frente à secretária como em tantas outras noites, olhei para o lado como um reflexo e em algo, lembrei-me de ti.
Não interpretes mal, eu nunca me esqueço de ti, simplesmente nego a mim próprio a vontade de te falar, a vontade de te dizer o quando sinto a tua falta, do tamanho do vazio que tenho sem ti.
Continuando ... Pensei em ti.
Lembrei-me da primeira vez que te toquei. Que toque tão inocente, cheio de timidez e vergonha e no entanto cheio de vontade. Sentimentos contrários esses não é? Mas foi com isso que ganhei coragem.
Lembrei-me da primeira vez que combinamos algo. Deus, que terror. Que confusão foi aquela, até o gps nem sabia por onde me mandar ... As voltas que dei só para te ver.
Lembro-me de quando lá cheguei. Estacionei o carro, abri a porta e fechei-a. Parei por momentos, frizei o tempo e pensei no que faria, no que diria, se levaria esta rosa comprada á última da hora a uma velhinha que na rua passou.. Que medo e ao mesmo tempo entusiasmante! 
Recordo-me de cada pormenor, principalmente do meu nervosismo. Ai esse ... Esse até me fez quase bater contra a porta de vidro, lá ia eu saber que aquilo que iria abrir, que era preciso tocar na campainha! 
E quando te roubei uma barra do kitkat e tu lançaste um olhar em mim como se me fosses matar? (risos) 
Por último, deixei-me vaguear até ao momento mais caricato que houve entre nós. O momento em que te ofereci a rosa. 
Então ali vou eu, com uma coragem de leão, em frente a pessoas amigas oferecer-te uma rosa e tu parva com a situação só dizes: "Que vou eu fazer com isto?" 
Eu nem sabia o que pensar, quanto mais o que responder. Fiquei bloqueado e soltei um riso como última esperança de sair dali vivo. O que valeu, foi que o momento constragedor demorou pouco e logo saimos dali, uffa ...
São estes momentos que me recordei, talvez coisa pouca para quem tanto já viveu como tu. Mas para alguém como eu, são estes acasos que dão brilho, é disto tudo que sinto falta. 
Falta do quão trapalhão eu conseguia ser á tua beira, do quanto sem jeito eu ficava com um simples olhar teu. 
No fundo, sinto falta de não usar uma máscara, de ser eu. Contigo.