Eu e ela.
Somos inseparáveis.
Não cresci com ela, não a conheço desde nascença, mas conheci-a ao longo da vida.
Era um tarreco na altura quando a vi pela primeira vez. Achei-a engraçada, afinal de contas ela pintava! Percebi logo o que fazer com ela, tivemos muita diversão, vos garanto!
Uau! Que alegria, ela ajudava-me a desenhar, embora eu fosse um desastre ao inicio, parecia um picasso a desenhar de olhos tapados, credo.
Com o tempo, melhorei as minhas obras de merda, passaram a rabiscos. Mais uma vez, uau!
Vi que não era o meu futuro, então tivemos uma conversa.
Chegamos a um acordo, iriamos seguir por outro meio.
Com o desenvolver da minha maturidade e mentalidade, comecei a usá-la na escrita, e hoje garanto-vos que é a minha melhor amiga.
Com ela já vivi fantasias, aventuras e presenciei batalhas épicas mas essencialmente, com ela já naveguei entre as mágoas da vida, já a usei como lanterna em tempos de escuridão.
Não digo que ela seja um bote salva-vidas, mas é com certeza um megafone silencioso, uma luz que não ofusca, um apoio que não desiste.
Ela ajuda-me a expressar quando não consigo dizer as palavras em voz alta.
É com ela que por vezes dou revira-voltas na minha vida, aliás, que exponho os meus sentimentos mais profundos.
Já me viu chorar, desesperar por algum namoro que correu mal, por desilusões familiares, enfim, infelicidades e sem querer, até vos digo ... Ela já sofreu de violência doméstica. Mas permaneceu. Ela é rija, não teme e se for preciso também se vinga. Obriga-me a gastar dinheiro em comprar tinta, safada maldita.
A vida é amarga meu amigos. A vida é como uma rosa, bonita ao longe, encantadora. Mas assim que pegamos nela, picamo-nos. Uma rosa, tem espinhos.
Mas agora, apresento-vos, a minha caneta. Ela não é muito, mas é o que tenho. E para quem escreve, ela é tudo.
Ela despede-se e eu também.
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