Deixa-me ir embora, assim como foste.
Deixa-me estar sozinho, assim como me fizeste acabar.
Eu não quero passar por tolo, mas necessito do teu esquecimento, não de todo, mas urgentemente do momento em que os nossos olhos se cruzaram e traçaram um destino. Preciso urgentemente, da cura para um amor perdido.
Sinceramente, estou disposto a qualquer aventura para o concretizar, afinal, foste tu a minha maior loucura. Sinto a necessidade de fazer o teu luto, mas na minha cabeça a tua partida não faz sentido. Não consigo sequer acreditar que de tão perto estares, continuas imensamente longe.
A imprescindibilidade de acordar e pensar imediatamente em ti, a cada manhã, começa a ser preocupante. Sentir a ausência que deixaste, o ar vazio que habita o meu quarto, a luz sem alma que o elumina. Isto, devido a teres apanhado o comboio que te levou e me deixou sem horizonte.
O pior, é a saudade que fica, é o que realmente dói. E um mal nunca vem só... A primeira parte da cura do teu esquecimento, passa pela parte do doente aceitar a doença, que realmente a tem. Adivinha, achas mesmo que consigo aceitar?
Vai ter que ser devagar. Devagar. Não adianta apressar, correr ou saltar, porque seria tropeçar em falso e nada alcançar.
Quero que saibas que para mim, a melhor lembrança será sempre o teu sorriso, coberto pelos teus caracóis.
Eu já não aguento estar triste, sozinho e abandonado. Por vezes, procuro opções, menos honradas, desculpa. Mas um coração a esvaiar-se, procura qualquer remendo, infelizmente...
Quanto mais me dizem para sair, passear ou trabalhar, que ocupar a cabeça faz bem, enganam-se. Só irá adiar a tempestade que vai rebentar mais tarde ou mais cedo. Há que lidar com a perda. Limpar a desarrumação, curar o coração.
Vai ter que ser devagar, devagarinho.
Para te esquecer, vai ser preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, de dor em dor, vezes sem conta, até ele se cansar e parar.
Mas fica sabendo, não o faço por escolha, faço porque assim o fazes acontecer. Pois eu, não te quero esquecer.
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