Sinto-me como se estivesse entre
4 paredes e o ar se tornasse mais escasso a cada respiração. O quarto ficando
mais pequeno minuto a minuto sem margem para manobra, sem contornos e desvios. Como
se a minha essência desvanece-se a cada aperto que aparece pelo caminho, a cada
empurrão a alma fosse rasgada. A cada disputa, algo fosse deixado para trás. Afinal,
todo espelho após algumas batalhas, acaba por partir. E o que será da alma, se
não um espelho de nós mesmos.
Embora não duvide que estar junto
a alguém seja maravilhoso, cada vez esse horizonte está mais distante, não
pelas guerras perdidas em campo de batalha, mas pelo sabor do vento que fica
quando o papiro de rendição foi entregue e o silêncio retornado perdura na noite mais
amarga em que nos encontramos.
Perder um amor, toda a gente acaba por passar essa experiência. Eventualmente é o que faz de nós guerreiros(as) e
nos dá mais destreza para o futuro. Mas ninguém nos ensinou a ler o silêncio, a
ouvir o silêncio, ninguém mas ninguém, me falou que o que dói mais é deixar a
esperança a cargo do vento e deixá-la ir na aventura de um caminho atacável. Que
por ventura, podemos ficar sem saber o que aconteceu entre as luas que ela pairou.
É deixar o beijo a meio, é ficar
com a despedida interrompida, é não ter o olhar da ida. É sentimo-nos como se
fossemos um puzzle, e no fim faltar a peça que juramos estar algures presente e ela
por ‘ironia do destino’ estar ausente.
Existe aquela velha frase de que ‘quem
sempre espera, sempre alcança’, mas a mesma maça que hoje é vermelha, brilhante
e suculenta, depois de aberta começa apodrecer. E o mesmo acontece com o nosso
dito coração, uma vez aberto a alguém este fica à espera de receber afeto. E se
com o tempo, (embora este não tão rápido quanto o de uma maça), não o tiver,
vai partindo, vai ficando despedaçado, vai cair na esperança do ‘e se’ e nos
olhos de outrem vai-se iludir. Vai deixar entrar um cavalo de Tróia para queimar os restos e deixar o que já teve vida, em cinzas.
E no meio deste turbilhar de
sentimentos, no fim das contas, acabo por me sentir como um lobo fora da
matilha, um lobo solitário. Vendo os outros apaixonando-se, 'amando-se', por vezes, pessoas diferentes a cada 3 meses, enquanto eu... Eu continuo distante, à espera da resposta ao meu papiro.
Se é para amar à distância, ao menos amarei a lua
que brilha perante mim e não me cede à escuridão.
“Existem noites em que os lobos
ficam em silêncio, e apenas a lua uiva.” – George Carlin