domingo, 12 de julho de 2015

Voltar no tempo


Não foi somente sentir. Foi reviver, foi viver e ver. 

Foi mergulhar no sonho mais profundo e nadar até às memórias mais cavernosas. Foi sentir a corrente e o puxar da realidade que não queria atender. Foi afogar e ter consciência da loucura que estava acontecer. Foi talvez, o momento mais estranho que já vivi nos meus 20 anos. 

Foi voltar atrás no tempo. 

Olhar pela porta grande com o mesmo espírito de diversão sem sequer imaginar o que para lá estaria… Entrando e começando a ver pessoas, rostos desconhecidos, multidões de estranhos andando em todos os sentidos. A música alta embatia nas paredes, fumo que se tornava que nem nevoeiro e luzes esbarravam no meu olhar e assim o desfoque se pareceu inaugurar.

Foi como se estivesse a reviver o passado, dançando no meio da multidão no calor da noite, sem preocupações, sem medos, sem esperanças. 

E aí no primeiro choque, veio o primeiro pedido de desculpas. Naquele riso envergonhado e voz baixinha. Algo me despertou, um lado adormecido com a inocência de um toque nas costas. 

Como se estivesse um fogo ardente dentro de mim, uma bravura astronómica, como se minha a alma quisesse sair e voar fora, encontrar-te.

Foi querer-te, desejar-te. Foi ser louco e saber da loucura. Foi procurar-te sabendo que não estavas lá. Foi ver-te no meio da confusão, ouvir-te em volta, esperar-te no mesmo local. Foi dar um novo significado à loucura, foi senti-la de forma pura. 

O ar tornou-se pesado, a tristeza ficou minha sombra e o pesadelo foi real. O sorriso dado para o chão, foi por ventura o de derrotado, perceber que quem ama demais se acaba sempre se ferrando. 

Entendo então porque por vezes, quando pessoas sofrem um desgosto não entram em certos locais. As histórias nunca morrem e os sentimentos, sentem-se à flor da pele. 

O momento mais triste da vida, é quando te deparas com uma memória, uma fotografia, um texto ou uma conversa, da qual já não fazes mais parte. 

“Você não consegue explicar, mas sente.” – Renato Russo

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