Hoje, dei por mim perante uma situação à qual não resisti.
Dei por mim à janela, soltando palavras, à espera que alguém me ouvisse. Não o
vizinho do lado nem da frente, mas alguém lá no cimo, aquele que vive sobre o
algodão que plana no céu e que à noite nos ilumina com estrelas, aquele
que vê tudo.
Eu falei às estrelas, olhando cada vez mais para cima para
não soltar o que já havia começado a cair, tentei manter a postura mesmo
estando conversando sozinho. Esperando um sinal, uma resposta, algo que me
fizesse entender porque é que certos amores, simplesmente não funcionam. Porque é que por vezes, a palavra “amigo”
custa tanto de ouvir e o “especial” se torna tão amargo que rasga-nos a cada
repetição na cabeça.
Perguntei porque é que os caminhos se encontram e nos fazem
conhecer pessoas incríveis, pessoas inimagináveis que ao primeiro segundo nos
deixam sem chão, nos fazem voar, se não for para amar, conhecer e aprender,
viver e juntar vidas. Porque é que quando conhecemos alguém que vai além do
nosso exterior, do nosso olhar e nos toca na alma, simplesmente dá um passo
atrás e deixa-nos?
É que ela é assim e
dá cabo de mim ter de vê-la ir embora! Talvez, seja o melhor para mim porque sofrer com ela por perto certamente acabaria por me destruir por dentro, mas vê-la caminhar para longe, é como se levasse metade da minha pessoa, como se tivesse tirado o melhor pedaço de mim e fugisse. Sinto-me partido, sinto-me afundar.
Enquanto a frustração se tornava raiva, senti uma mão
no meu ombro que me acalmou. Sem perguntar, sem pressionar, sussurrou-me ao
ouvido;
Não podemos escolher
quem amar, da mesma maneira que não podemos obrigar ninguém a amar-nos, porque
isso seria tudo, menos amor.
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