sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Um choro de raiva

Apetece-me chorar.
Não o choro de infelicidade e muito menos de alegria.
Choro de raiva. Choro por saber que seria o certo, que tu és a certa, que serias o arriscar mais arriscado que alguma vez eu arriscaria.
Mas nada. Vazio. Sem fundo, sem fim.
Por muito que queira sair, procurei e não existe porta. Não existem placas, não existem sinais.
Na realidade, procuro-te cada vez mais.
Queria ter capacidade de te esquecer, de seguir em frente sem levar bagagem, sem ter receios, ir de cabeça levantada, olhar em frente e começar uma nova caminhada.
Mas vejo-te. Em cada rua, em cada parede, em qualquer espelho, em todos os quartos.
Eu imagino-te. E choro.
Choro com raiva. Com raiva de não te poder ter, de não ser de ferro e me erguer. Com raiva de mim próprio por quebrar, por me ter deixado apaixonar.
Não é a solidão que me assusta, é ver-te ir embora sem olhares para trás uma única vez. Sem olhares para mim.
E tremo.
É mais uma noite sem a tua presença.
É mais uma noite, em que a lua não voltou, e o céu... Chorou.

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